É muito engraçadinho quando vemos crianças agindo como adultos, mas e o contrário?… Por que alguns adultos continuam inseguros, vulneráveis, egocêntricos, impacientes?…
Não estou tentando idealizar o adulto, mas convenhamos, não podemos evitar perceber certos comportamentos inadequados e que não contribuem com a evolução de uma sociedade, comunidade ou até do próprio sujeito. Todos temos uma percepção intuitiva de bom senso que nos permite olhar para a imaturidade psicológica de alguns.
Para distinguirmos uma coisa da outra, podemos definir maturidade como uma série de atributos, comportamentos e formas de ver a vida que naturalmente esperamos encontrar em uma pessoa adulta. Para isso, cito aqui cinco características bem comuns trazidas à minha clínica por homens e mulheres além da marca dos quarenta anos de idade!
- Há adultos que não entendem a palavra “NÃO”. Ou seja, não possuem autocontrole. Apesar disto ser característico das crianças por não estarem prontas para conhecer todas as regras sociais, ou o que lhes favorecem e lhes prejudicam. Elas não sabem se render aos seus impulsos e é exatamente assim que alguns adultos imaturos se comportam. Alguém que se entrega aos seus impulsos e desejos não sabe se controlar e portanto age de forma infantilizada como se lhe faltasse a maturidade do córtex pré-frontal – a área do cérebro responsável pelo discernimento;
- As crianças choram, gritam e fazem birra quando seus desejos e necessidades não são prontamente atendidos, quando por exemplo estão com fome ou desejam um doce. Por outro lado, um adulto geralmente é capaz de suportar e tolerar o peso das frustrações. Ele também deve ser capaz de se consolar, de esperar ou de providenciar alternativas, sem espernear…. Homens que não aceitam o final de um relacionamento, por exemplo, são um bom (apesar de péssimo) exemplo de uma reação infantil de um indivíduo que age como um bebezinho;
- A criança começa a mentir por volta dos seis ou sete anos de idade, quando já está mais imersa na realidade da vida. A criança ainda não está preparada para assumir a responsabilidade por suas ações. Agora, um adulto maduro deve ter capacidade para o oposto: a autorresponsabilidade. Um adulto imaturo está sempre procurando desculpas ou culpando os outros em vez de assumir suas responsabilidades. “Minha traição é culpa do meu marido porque ele não presta atenção em mim.” Este é um exemplo clássico e comum de adulto imaturo. Portanto, saber suportar a culpa é um comportamento maduro, que se espera de um adulto;
- E quando há conflito, o que fazer? Pois bem, uma pessoa imatura é incapaz de negociar situações conflitantes. As crianças muitas vezes optam por ficar “emburradas” quando não conseguem resolver conflitos. Espera-se que os adultos usem argumentos e diálogo para chegar a um acordo, em vez de ficarem de mau humor ou de fugirem. No ambiente de trabalho por exemplo, a maturidade de apresentar seus argumentos na hora de negociar e encontrar o equilíbrio é fundamental. Alguns adultos infantis não conseguem usar a linguagem para defender os seus pontos de vista; as suas fracas competências linguísticas simplesmente não fazem jus ao seu estatuto de adulto;
- O egocentrismo infantil é inegável. As crianças acreditam que o papel materno, paterno e até mesmo o papel da babá é exclusivamente atendê-los. Não se trata de egoísmo, mas de uma visão reduzida da realidade em que ela está no centro de tudo, por mera incapacidade de ver o mundo sob outros pontos de vista, colocando-se no lugar dos outros. Quanto mais jovem a criança, mais difícil será para ela perceber os desejos e necessidades dos outros. Isso também é muito comum em pessoas imaturas. A falta de empatia ainda é uma característica imatura do ser humano. Nos relacionamentos, este é um grande obstáculo, pois o parceiro imaturo não consegue se colocar em uma posição oposta à sua, impedindo assim uma valiosa troca de responsabilidades e prazeres.
Nos lares atuais, vemos pais e mães que se sentem intimidados pelos filhos, favorecendo assim a formação precária de um Eu ineficiente e imaturo, incapaz de exercer o autocontrole, de tolerar frustrações, de assumir a responsabilidade por seus atos, de saber negociar suas opiniões e de ser empático.
